quarta-feira, 6 de dezembro de 2017

ACONTECE NESTA QUINTA - FEIRA (07/12) A ABERTURA DA EXPOSIÇÃO AFTER DO ARTISTA ADRIANO FIGUEIREDO NA CASA DO PARQUE EM CUIABÁ - MT



AFTER

Sabe as imagens que se formam ao olhar as nuvens? Fico me perguntando: são elas – as nuvens – que brincam conosco ou somos nós que brincamos com elas? O artista olha para o céu e vê tanta coisa voando: o trem no branco absoluto, a boneca no cinza claro, uma mão ameaçadora que prenuncia chuva. Essa mágica de criar o que se vê está na obra de Adriano Figueiredo, mais especialmente na série AFTER. Como sabemos, after é depois. Do quê? De ver, provavelmente. De sentir, certamente. O artista, tomado pela catarse, encontra a placidez e o sofrimento do que queremos também enxergar. Será Cristo? Ansiamos que seja Ele na borra de café, no interior de um cristal ou mesmo numa mancha de óleo. Essa figura barbada, de olhos meigos, excruciada pela coroa de espinhos pode ser o que de mais profundo Adriano Figueiredo encontra na hipnose artística. Não é incomum. A trajetória dos grandes pintores, por mais voltas que possam dar ao largo da temática, acaba se rendendo à interpretação de uma cena cristã: o beijo de Judas, o açoite em Jesus, a dor de Maria. Essas imagens compõem um arsenal próprio do mundo ocidental que é revisitado pela técnica dos artistas que pretendem, cada qual a seu modo, sublimar o aspecto meramente histórico acrescentando ao ícone um pouco de si mesmos. AFTER é uma sucessão de movimentos espatulares que evocam Jesus? Ou será Ele a se impor por entre a textura oscilante, em cores incertas? Quem comanda quem? Não tenho certeza de que Adriano Ferreira quis deliberadamente encontrar o que achou nas nuvens de sua imaginação. Tampouco tenho ciência quais colírios são usados por ele a fim de conseguir o olhar coletivo admirado. Em AFTER, tenho uma única certeza: o artista obteve um resultado significativo que me emociona e que vai emocionar todos vocês. Aproveitem! 

Eduardo Mahon é escritor, membro da Academia Mato-grossense de Letras e do Instituto Histórico e Geográfico de Mato Grosso.

Nenhum comentário:

Postar um comentário

Obrigada pela visita, seu comentário e muito importante para o Fuzuê das Artes