terça-feira, 22 de novembro de 2011

Professora da UFMT lança no dia 23/11 (quarta feira) livro sobre a imigração italiana pela rota do Prata

Acontece no dia 23/11 as 19:30 hs o Lançamento do livro “Italianos em Mato Grosso: fronteiras de imigração no caminho das águas do Prata: 1856-1914” de Cristiane Thaís do Amaral Cerzósimo Gomes (Entrelinhas e EdUFMT), local: no Espaço Climatizado na Choperia do SESC Arsenal em Cuiabá-MT.


Pelo caminho das águas
Professora da UFMT lança livro sobre a imigração italiana pela rota do Prata

 A “rota do Prata” ou o “caminho das águas” teve uma participação importante no povoamento de Mato Grosso até o início do século passado e foi responsável por colocar um Estado ainda desconhecido para boa parte dos brasileiros do litoral no cerne da imigração italiana. Essa história, que tem muitos sobrenomes conhecidos como Orlando (da Casa Orlando), Ricci, Fragelli, Capriata, Verlangieri, Gaeta, Maiolino e Lotufo, entre tantos outros, é contada pela professora doutora Cristiane Thaís do Amaral Cerzósimo Gomes no livro “Italianos em Mato Grosso: fronteiras de imigração no caminho das águas do Prata (1856-1914)”, pela Entrelinhas, tendo como co-editora a EdUFMT, que será lançado no Sesc Arsenal, no próximo dia 23 (quarta-feira). A autora também estará autografando a obra no 3º Pranzo della Comunitá, o almoço especial de Natal a ser realizado pela Comunidade Italiana de Mato Grosso, no Hotel Fazenda Mato Grosso, no dia 27 (domingo). Parte da renda do almoço será revertida à Pediatria da Sociedade Beneficente da Santa Casa de Misericórdia de Cuiabá.

Cristiane
A autora nasceu em Ponta Porã (MS), mas mora em Mato Grosso desde 1979, onde se graduou em História pela Universidade Federal de Mato Grosso (UFMT) – campus Rondonópolis. De origem italiana, Cristiane interessou-se pelo tema durante a especialização. “Os meus bisavós, Eduardo Cerzósimo e Angela Tortora, vieram da Itália para Mato Grosso, no final do século XIX, pela rota do Prata. O casal morou um tempo em Assunção, no Paraguai, depois em Corumbá e acabou se estabelecendo em Nioaque (hoje Mato Grosso do Sul)”, conta a pesquisadora.
O fato de o historiador Lenine Póvoas ter lançado livro sobre italianos em Mato Grosso, em 1989, realizando o primeiro levantamento de famílias italianas que fixaram moradia em terras mato-grossenses, motivou mais a professora a prosseguir com suas pesquisas sobre o tema no mestrado, feito na Pontifícia Universidade Católica (PUC) de São Paulo. A dissertação resultou no livro “Viveres, fazeres e experiências dos italianos na cidade de Cuiabá (1890-1930)”, lançado pela Entrelinhas Editora em co-edição com a EdUFMT em 2005, com prefácio da historiadora Elizabeth Siqueira Madureira.
“Meu projeto de pesquisa foi muito bem aceito porque representou um novo olhar sobre a história das migrações na América Latina. Como esses italianos chegaram a Mato Grosso?” – recorda Cristiane, que partiu em busca de respostas no projeto de doutorado apresentado à PUC-SP e feito também sob orientação da professora Maria Antonieta Martinez Antonacci. “Saí da banca com indicação para publicação da tese”, conta, orgulhosa, Cristiane, que já tem planos para o pós-doutorado e hoje está ligada ao Departamento de História da UFMT em Cuiabá.
Para escrever a tese – hoje transformada em livro ilustrado com muitas imagens do período analisado (1856-1914) –, a professora recorreu a fontes manuscritas reunidas no Arquivo Público do Estado de Mato Grosso e no Núcleo de Documentação e Informação Histórica Regional da UFMT, a jornais da época, e acervos públicos e privados. Gravou entrevistas com imigrantes italianos como Rina Ricci, que faleceu aos 90 anos, e descendentes como o cuiabano Névio Lotufo, que faleceu em outubro passado. Municiada com informações tão ricas e minuciosas, escreveu uma obra de leitura acessível a todos que se interessam pela história de Mato Grosso e de pessoas que cruzaram o Oceano Atlântico para criar raízes em outro continente.
Mas por que tantos italianos acabaram se estabelecendo no longíquo Mato Grosso, no limiar do século XX? Histórias como a do genovês José Dulce, que inicialmente se estabeleceu na Argentina, depois veio para Corumbá e continuou subindo o rio Paraguai até Cáceres, onde prosperou (foi dono da loja “Ao Anjo da Ventura” e do vapor Etrúria), ilustram bem esse processo migratório, que trouxe para Mato Grosso uma leva de homens solteiros. “Muitos acabaram se casando com representantes da elite local, num processo de inserção sociocultural pelo casamento”, conta a autora, que trabalha a História na linha thompsoniana (do historiador inglês E. P. Thompson), buscando reconstruir vivências e experiências dos migrantes italianos em terras mato-grossenses, numa época em que o contato com a Europa e as grandes cidades brasileiras, como o Rio de Janeiro e São Paulo, era feita em vapores, que desciam e subiam os rios da Bacia do Prata – a famosa “rota do Prata” ou o “caminho das águas”.

Mais informações: Entrelinhas Editora (65-3052.8711)

Fonte:Martha Baptista 

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