Para se entender as pinturas de Frida Kalho é necessário conhecer a sua vida.
Meu Nascimento - Frida Kalho |
Magdalena Carmen Frieda Kahlo y Calderón nasceu em 1907 no México, mas gostava de declarar-se filha da revolução ao dizer que havia nascido em 1910. Sua vida sempre foi marcada por grandes tragédias; aos seis anos contraiu poliomelite, o qual a deixou com lesão irreversível no pé direito. Já havia superado essa deficiência quando o ônibus em que passeava chocou-se contra um bonde. Ela sofreu múltiplas fraturas e uma barra de ferro atravessou-a entrando pela bacia lesionado seu corpo.
Desenho Acidente - Frida Kalho |
Por causa deste último fez várias cirurgias e ficou muito tempo presa em uma cama. Começou a pintar durante a convalescença, quando a mãe pendurou um espelho em cima de sua cama.
Frida sempre pintou a si mesma: "Eu pinto-me porque estou muitas vezes sozinha e porque
sou o assunto que conheço melhor".
Casou-se aos 21 anos com o famoso
pintor muralista Diego Rivera, o amor de toda sua vida, com quem teve um
polêmico e tempestuoso relacionamento.
Até hoje, a mídia − sempre mesquinha e
burguesa − insiste em exaltar as relações extra-conjugais do casal, mas Frida e
Diego eram artistas, seres de almas afins e conceitos libertários, optaram por
compatibilizar suas liberdades individuais com sua vida em conjunto. Seria como
dizer que Jean-Paul Sartre era infiel à Simone Beauvoir.
Receberam o curioso apelido de “a pomba e o elefante” por
formarem um inusitado casal. Frida de estatura muito baixa e magra e Diego,
enorme e gordo. Diego Rivera muito contribuiu para seu crescimento como
pintora e projeção no mundo das artes.
Mas foi o grande talento de Frida que a
tornou mundialmente conhecida. Até mesmo aqueles que não se interessam por
arte, certamente já ouviram falar em Frida Kahlo.
Nunca tiveram filhos devido à grande fragilidade de seu
corpo, que sempre acabava por interromper suas gravidezes, tornando-a, por fim,
estéril. Frida expressou mais essa dor na perturbadora tela “Henry Ford
Hospital”, na qual pinta a si mesma deitada na cama de um hospital depois de um
aborto.
Frida era dotada de personalidade forte, liberta, altamente
feminista e muito à frente de seu tempo. Divertia-se debochando das amarras e
conveniências da sociedade, envolvendo-se em romances com mulheres, com a mesma
naturalidade que com homens. Seus auto-retratos criavam uma função especular restituidora,
e sua arte denotava um intenso processo de busca de integração e de encontro
consigo mesma.
Ativamente envolvida em causas políticas e sociais, foi
filiada ao Partido Comunista Mexicano, ao comitê de solidariedade a favor dos
republicanos espanhóis e ao Movimento Pela Paz, sempre em defesa da liberdade
da Nação e dos Direitos Socialistas das Classes Operárias. Abaixo a tela ‘O
marxismo trará saúde aos enfermos’.
Teve suas obras expostas individualmente em Paris e Nova
York, tendo este último, demorado a reconhecer seu talento. Lá recebeu uma
qualificação de sua obra como ‘surrealista’, levando-a a declarar: “Pensavam que eu era uma surrealista, mas eu não era.
Nunca pintei sonhos. Pintava a minha própria realidade”.
Foi membro do Seminário de Cultura Mexicana e professora da
Escola de Artes. Em 1946 recebeu o prêmio nacional do Ministério da Educação
Pública, pelo seu quadro ‘Moisés’, inspirado no livro “Moisés, o Homem e a
Religião Monoteísta”, de Sigmund Freud.
Sua saúde, após diversas recaídas e uma grave insuficiência
cardíaca, muito se agravou nos últimos anos de sua vida, obrigando-a a fazer
uso de cadeira de rodas.
A sua frágil figura contrasta com a força de sua procura por
liberdade, em sua tragédia, Frida transformou a pintura em um instrumento de
libertação pessoal, algo que pode ser observado em uma das mais comoventes
passagens de seu diário, abaixo de um desenho que fez da sua perna amputada até
o joelho, ela escreve: “Para que preciso de pés quando tenho asas para voar?”.
Após novamente ser proibida pelo seu médico de levantar-se da
cama, foi que Frida, numa de suas maiores demonstrações de admirável força e
irreverência, compareceu à abertura de sua primeira exposição individual no seu
país de origem, carregada em cima de sua cama. Frida Kahlo faleceu 12 dias depois, aos 47 anos, em
decorrência de uma forte pneumonia. A última anotação de seu diário: “Espero que minha partida seja feliz, e espero nunca mais
regressar – Frida“
Hoje, a chamada ‘Casa Azul’, onde viveu com seus pais e
posteriormente com seu marido, tornou-se o Museu Frida Kahlo, de acordo com a
vontade de Diego Rivera, que morrera em 1957.
Frida Kahlo é uma das maiores detentoras das chamadas ‘marcas
pessoais’, que a tornaram mundialmente conhecida. Muita das vezes, sequer é
preciso dizer seu nome, expor sua imagem ou sua obra para sermos remetidos à
sua lembrança de forma certeira. E como não? Além de sua impressionante obra,
que retratou a vida e a morte de forma singular, Frida gostava de vestir-se de
maneira extravagante, quase sempre usando estampas em cores fortes − tal como
sua personalidade −, e também era dona de unidas e marcantes sobrancelhas. Frida pintava o México e suas cores. Pintava, inclusive, sua
“breguice” que perdura até hoje. Frida é o México profundo, autêntico, em voz
alta. A verdadeira alma mexicana.
A vida de Frida Kahlo foi lindamente retratada através do
artístico filme “Frida” (2002), estrelado por Salma Haeyk, e produzido graças
aos esforços da atriz.
O filme também conta com uma belíssima trilha sonora, que
além de repleta de tradicionais músicas mexicanas, tem “Burn It Blue” como sua
principal canção, na voz de Caetano Veloso.
Por: Rosylene Pinto
Com informações, imagens das obras e fotos de Frida Kahlo, do google. *obra não disposta em ordem cronológica
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