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CIÚMES
Dizem que um pouquinho de ciúmes apimenta a relação amorosa, que
faz com que nos sintamos desejados, amados e quistos. Pode ser que sim, mas
verdadeiramente não concordo.
Não que eu não sinta
ciúmes. Já que estamos falando de amor, e é requisito a sinceridade, porque
amor sem verdade é qualquer coisa que não AMOR, que se registre: sou ciumenta
sim.
E não, não me orgulho deste sentimento. Procuro não nutrir, não
alimentar nem provocar na parte contrária. Porque sabendo como me sinto, tento
não despertar no meu semelhante, especialmente aquele a quem digo ter amor,
qualquer sentir que desagregue, que conscientemente eu não gostaria de receber
em contrapartida.
Mas ciúme existe,
em vários níveis, sendo que o que eu penso sentir está longe do ciúme
patológico. Vivemos num mundo em que as ofertas de "amor
instantâneo", fast love, estão cada vez mais acessíveis, eu,
particularmente, denomino de desejo. As pessoas estão ai- quando não ao alcance
das mãos, estão ao alcance dos olhos, do celular, da câmera do notebook, do
tablet.
Qual o nível comportamental justo- aceitável- de
alguém, em uma relação estável para conosco que não desperte aquele ciúme tão
intenso ao ponto da pimenta virar MALAGUETA?
Será que o que os olhos não veem o coração não
sente? Ou nós, na qualidade de seres pensantes, com o pouco que vemos somos
capazes de tirar conclusões ante os padrões comportamentais do homem e da
mulher comum?
Penso que existem limites plausíveis para quem
quer manter um namoro, um noivado ou um relacionamento sério, não importa o
nome que se dê - união estável, casamento...
Imagino e sustento que mesmo que algo que para
um não seja ofensivo, se magoar, se ferir a pessoa amada há que ser, na medida
do possível, especialmente quando certo ato específico não é imprescindível,
evitado a qualquer custo.
É o que se espera de alguém que se pauta na
dignidade no respeito ao semelhante.
Porque nós não podemos responder pelos atos de
terceiros para conosco, mas nossos atos perante terceiros sim! E para toda ação
sempre existirá uma reação! É princípio físico. Amor com amor se paga, cada um
colhe o que planta. Quem semeia vento colhe tempestade.
Assim, é sabido que o amor verdadeiro gosta e
precisa de brisa. De estar amparado em valores que tragam paz e harmonia ao ser
e ao lar quando existe um. Ciúmes quando se dá causa é um ato que precisa ser
revisto, sob pena de se ver um história de amor ruir, porque tal sentir não
eleva o indivíduo, é uma amarra que por fim degrada e separa especialmente
pessoas de bem.
Ainda não sou um ser evoluído, descolado,
"bicho grila", paz e amor a ponto de abrir mão desse resquício do
sentimento de posse, sim, ciúme tem a ver com "TER". E se tenho
alguém que digo que amo, ainda não desconectei do coração essa coisa que se
atrela ao amor e que, despertada, é como um vulcão que destrói, um poço
profundo de lava que pode ser um caminho sem volta.
Melhor deixa dormindo...essa coisa chamada
ciúmes, afinal, eu nunca gostei de pimenta.
Por: Mirian Marclay Melo
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