quinta-feira, 7 de fevereiro de 2013

"Leveza, cor e forma" - Crítica de Arte por João Sebastião

Crítica de Arte de João Sebastião - Prêmio de Viagem ao País
Encanto solar, nas abas dos seus chapéus!

Obra Benedito Silva - foto: Rosylene Pinto
As Artes Plásticas mato-grossense são compostas e edificadas por quatro vértices culminantes e distintos. Humberto, João, Dalva e Clóvis, são assimilados e entendidos como condutores naturais de um processo criador. Condicionaram uma cultura, nascida e criada aqui mesmo em nossos sítios antropológicos. Em nossos "matos".
Devemos e podemos considerar estes surgimentos, a partir da década de 70, tendo o MACP como centro gerador e irradiador que, através da gerencia e da bravura idealista de Aline Figueiredo - auxiliada por estes quatro talentos, deu início à sua agenda cultural.

Foi dada a largada em busca de uma arte com formato, aspecto e características mato-grossense, sobretudo brasileira. Uma ousada e atrevida vivência à procura de um novo "Eixo", sai diretamente de Cuiabá, e atinge seus objetivos com mérito e êxito.

Conquista a crítica Nacional, e até internacional.

Com agudeza moral, a partir de um grupo coeso, constitui-se um grande celeiro, hoje, respeitado e até encontrado no Google!! Existimos como pensadores e articuladores culturais.

A expansividade estendeu-se, alargou-se numa nova consciência artística, generosa e abrangente em várias correntes e estilos plásticos, as quais aqui continuam a serem desenvolvidas. Nada nos fora ensinado de fora.
A cultura do mato, do espaço distante, do cerrado, do pantanal, do amazônico deu frutos, as quais foram previamente aradas pelo inicial grupo dos 4 do Mato Grosso.
Entretanto, são nas águas cristalinas e puras do rio do "joaosebastionismo", aonde rolam a contumaz "erudição" e o puro sentimento de arte popular brasileira que, estenderam-se nele um maior número de seguidores e admiradores. Essas águas caudalosas banham e atravessam todo o solo pictográfico mato-grossense.
Nestes afluentes, deste rio imaginário, constituíram-se as bases de uma escola, admirada e seguida pela maioria dos artistas desta região, como Adir, Gervane, Jonas, Nilson, entre outros tantos grupos.
Este claro difusionismo almejado alcançou os nossos dias e, neste momento está em "A Casa do Parque", sob os auspícios de Flavia Salem, a responsável pela exposição do artista plástico Benedito Silva, denominada "Leveza, Cor e Forma". Esta exposição ratifica esta minha concepção plástica-visual. Posso constatar, nesta mostra, em princípio um rico espalhamento de intenções, colocações, enquadramentos, contextualizações, nas atuais pinturas de Benedito Silva.
Sua obra demonstra clareza de convicção em seu pensar plástico, quando nos apresenta suas figuras fortes e contornadas em traços pretos.

Benedito Silva assume a sua condição de total sentimentalização á cultura popular brasileira, pois o mesmo é mais um dos que estão apoiados nestes "acampamentos" - os quais foram dilatados, em especial à escola do João Sebastião!! Benedito Silva mostra-nos seu cantar iconográfico, lírico, poético, encharcados de sentimentos caboclos - "emoldurados pelas abas dos seus chapéus".

Valoriza a figura dessa gente popular, simples, pobre, humilde e trabalhadora da lavoura. Isto constitui beleza de concepção plástica e de encenação figurativa. Realiza seus quadros com total suavidade cromática. São estes trabalhadores, operários da agricultura, em atitudes operativas, os responsáveis para regerem o progresso da Nação brasileira. São eles que nos trazem os alimentos aos corpos físicos e o precioso algodão para cobrirem a nossa nudez.
Sacos cheios de algodão em ombros encurvados pelo peso da responsabilidade, vem obrar valores inter-culturais. Há um conjunto visível desses enfoques, como os peixes, o caboclo deitado na rede, os garimpeiros, os melanciais, enfim, ele agrega com leveza e coerência objetiva. Sendo que, este elemento do campo, o algodão, irá alcançar a exportação do nosso rico e precioso produto.
Vale conferir e aplaudir esta Arte, pronta a brilhar pelos salões e galerias do mundo.
Por: João Sebastião Barros

Nenhum comentário:

Postar um comentário

Obrigada pela visita, seu comentário e muito importante para o Fuzuê das Artes