AVE
LOLA!
A
presença da Ave Lola (Curitiba-PR) no Palco Giratório 2013, no sábado dia
26/05, com o espetáculo O Malefício da
Mariposa elevou o termo no que tange a manipulação de bonecos. Utilizando a
técnica do Bunraku, o grupo apresentou uma fábula de Federico Garcia Lorca
sobre o malefício do amor e a maldade dos poetas, que revelam sentimentos que
podem ser perigosos para os insetos (e não só para eles). Uma poética reflexão
sobre a característica natural do amor, que “atinge a todos com a mesma intensidade”,
quer sejam humanos, quer sejam insetos. Na fábula do poeta espanhol, Curianito
se apaixona por uma mariposa encantada. Por algum motivo que não vem ao caso,
Curianito estaria sentenciado à morte caso insistisse nesse sentimento. Temendo
por sua vida, sua mãe, com a ajuda de uma ‘doutora’, tentam dissuadir o
inseto-poeta de sua paixão, empurrando Curianito para os braços de uma
insetinha rica e perdidamente apaixonada por ele. Nada funciona e Curianito
acaba por escolher o amor, em detrimento da própria vida. A técnica corporal
dos atores é ótima, por vezes se aproximando de algo que lembra a técnica do
Kabuki (teatro japonês). Suas ações corporais foram estudadas através da
observação dos movimentos dos insetos que o conto cita. Mesclando manipulação e
atuação, os atores revezavam entre a manipulação e as vozes dos bonecos. A
encenação que inicia com um prólogo em espanhol com direito a tradução
simultânea, deixa a desejar no quesito entendimento da narrativa. Apesar de ser
de fácil entendimento e dedução, o espanhol e a narrativa poética não
proporcionaram uma boa compreensão do espetáculo, que encanta pelos figurinos,
luz, música e a manipulação dos bonecos.
O ponto alto é uma quebra, muito bem feita, em que uma das personagens/boneco
sai do controle e pára o espetáculo, pedindo para conversar com a diretora. Um
momento ímpar, principalmente pela maestria com que foi executado. O grupo
mostrou preocupação com um teatro de qualidade, que valoriza a poesia e o
preciosismo técnico. Marcou presença, sem dúvida.
Juliana Capilé e Tatiana Horevicht
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