domingo, 25 de maio de 2014

Ele, Nuit e Ré por Edilberto Magalhães


Ele, Nuit e Ré

Escrevo desde sempre e sempre mais. Nasci escritor e assim morrerei. Disse-me, ele, observando Nuit, com aquele olhar denso de amantes, incomum. Acredita ser uma relação impossível, a deles. Amor platônico?! Não sei ao certo. Aliás, era difícil ter certeza de algo que vinha dele, com aquele aspecto macambúzio que outrora não existia.
Fora, sempre, um obliterador da tristeza. Orgulhava-se disso! Era vistoso ler seus escritos sobre a felicidade, amor, esperança... escrevia sobre qualquer assunto com a maestria de artesão das palavras desencontradas nos teclados de um, agora, computador.
“Sou da velha guarda. Na minha época não havia computador, smartphone, câmera digital, facebook, twitter, tablet (...) não havia também essa hipocrisia e falso moralismo que há hoje em dia. Os mais moderninhos dizem que a culpa é da TV. Eu, só sei que nada sei”. Escreveu, ele, num artigo sobre o tempo que li numa bela manhã de chuva torrencial. Dava para sentir o cheiro da terra molhada. Esse cheiro é indescritível e deu outro sentido ao texto. Foi natural refletir sobre esse senhor que tanto nos ensina.
Das várias sensações que os seus textos me transmitem, a da experiência é a mais interessante. Ele é um exemplo de pessoa experiente. Já viveu o suficiente para ser mais do que o tempo pode nos transformar. E isso é fantástico. Ele tem apenas cinquenta e dois anos de idade e já atingiu o flow. Chego a ter uma inveja boa. Dessas que nos inspiram a sermos pessoas melhores.
O contraditório é que, embora experiente, ultimamente ele segava os abrolhos d’almas que choravam as lágrimas de um amor impossível. Transformou-se, com o passar do tempo, no desalento. Fundiu-se a psique ao cosmo, outrora forjado nos teclados de uma vida desinventada pelo amor inexequível. Nuit tinha Ré. Ele era o Deus que completava a sua escuridão e fazia nascerem estrelas em seu olhar. Ao escritor restava, apenas, ouvir o conselho do senhor tempo.    
Ediberto Magalhães - foto: Diego Valadares

Edilberto Magalhães – edilbertomagalhaes@gmail.com 


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