sexta-feira, 9 de maio de 2014

Jair Rodrigues: Samba do adeus...por Airton Reis

Jair Rodrigues - imagens: google
 “Vou de samba com você”, nas ondas do rádio nacional. “O samba como ele é”, além de um prisma musical. “Dois na Bossa”, em parceria consagrada. “O sorriso do Jair”, em alegria cadenciada. “Jair de todos os sambas”, de geração em geração. “Talento e bossa”, em poesia que se fez canção. “Com a corda toda”, alma e coração. “Orgulho de um sambista”, em bis e refrão. “Eu sou o samba”, em mais de uma gravação.
     “Minha hora e minha vez”, na ampulheta da chegada e da partida cronometrada. “Alegria de um povo”, de uma pátria em cantoria ilimitada. “Luzes do prazer”, amante e amada. “Lamento sertanejo”, em viola afinada. “Viva meu samba”, viva o sambista da discografia iluminada. “500 anos de folia”, aquém de um carnaval. “Intérprete”, da seresta sertaneja em melodia sem nota final. “Alma negra”, em elevada morada celestial.
     “Festa para um Rei Negro”, assim na Terra como na amplitude sideral. Jair Rodrigues de Oliveira (1939-2014), em desenlace espiritual. Engraxate, mecânico e pedreiro. Soldado atirador do Exército Brasileiro. “Crooner” consagrado. Vitorioso em Festival da Canção. Turnês nos Estados Unidos, Europa e Japão. Calouro em mais de um programa de televisão.
       Música Popular Brasileira por ofício que se fez profissão. Sambista na cadência do coração. Sertanejo além das cordas de um violão. Vocalista nato. Força e liberdade de expressão. Beleza e harmonia. Obra que se faz constelação. Jair Rodrigues no raiar dos astros em nova dimensão. Jair Rodrigues, doravante no palco da eternidade em bis e em refrão. Jair Rodrigues, doravante no eco da saudade que se faz prece e oração.
       Vai, Jair Rodrigues, vai! Cá na Terra, a sua missão foi cumprida em manancial. Cá na Terra, a sua voz foi dádiva concedida em talento vocacional. Cá na Terra, familiares, amigos e fãs unidos pela certeza da sua elevação triunfal. Cá na Terra, um pavimento trilhado em existência fraternal. Cá na Terra, um público em palmas motivadas pelo mesmo bem querer. Cá na Terra, a sua partitura em novo e exaltado renascer.
       Se todas as majestades fossem como um pássaro chamado sábia em continuado cantar. Se em todas as porteiras um menino aguardasse pela comitiva passar. “Brasil sensacional”, todos nós poderíamos comemorar. “Marechal da vitória”, todos nós poderíamos aplaudir. Hoje, um “Almoço com as estrelas” de primeira grandeza e sem o medonho dom de iludir. Hoje, O “Fino da Bossa”, em continuado reluzir. Hoje, “O Boi da Cara Preta”, sem careta e sem luneta. Hoje, uma rua, uma avenida sem bueiro, sem sarjeta...
       Vai Jair Rodrigues, vai! Convosco, hoje, a face sorridente do Nosso Senhor Bom Jesus. Conosco, ontem hoje e sempre a sua voz, a sua obra em ondas de som e de luz. Ide em Paz!
Airton Reis, professor e poeta em Cuiabá-MT.

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