domingo, 5 de julho de 2015

A Arte de Ser Mãe por Mirian Marclay Fraga

Imagem: Mãe e Filho (detalhe do quadro As Três Idades da Mulher),
c.1905 de Gustav Klimt

 
A Arte de Ser Mãe
Entre livros, telas, esculturas. Entre as viagens do espírito ao lúdico, na abstração que nos sacie a busca pelo metafísico, nasce com aquele que traz a luz a arte de maternar.
Toda poesia meticulosamente criada (ou quem sabe transposta do cosmos ao papel), toda cor, todo gesso, todo barro se moldam no sentir amor por aquele ser que chega.
Sempre observei as mães dizerem que sentiam, enfim, o maior amor do mundo, ou, que nada do que denominavam amor se comparava àquele sentimento. Pura verdade!
Mas esse amor ultrapassa a natividade. O amor que tudo abraça, tudo acolhe tudo transpassa também se dá pelo ato de querer e poder amar. Assim é tão genuíno o amor que vem pequeno e frágil a se alimentar no seu seio quanto aquele que nos chega pela escolha do coração-presente da vida.
Esses amores, crianças, nos tornam seus diletos atores: aprendemos a encenar para alegrar-lhes. Tornamo-nos experts em desenhos, pinturas de papel, música em panelas, verdadeiros cantores (desde o nana nenê...até a balada de sucesso), redatores de uma vida verdadeiramente poética!
Arte materna é mais que a mola que move o mundo. Ultrapassa a razão do existir. É a palavra não dita que habita o sagrado.
Tornei-me felizmente mãe, já faz algum tempo.  Entrei para o grupo mais seleto das mulheres: o que ama incondicionalmente.
Esse amor, ainda tão jovem, jamais me desapontou. É puro feito nascente. Refresca minha alma e dá sentido à minha vida antes árida do afeto único e insuplantável do riso infantil...
Revive em mim a bailarina a dançar na ponta dos pés. A poeta a fazer versinhos em canções, a pintora a ensinar os primeiros traços, a escultora das massas coloridas!
Minha criança corre para meus braços e me beija a face. Dá-me a mão a observar o poente.
Encanta-se pela vida e me desperta.
Renasci com ela artista a celebrar o singelo sentir primordial da maternidade.
É na beleza dessa simbiose
De geratriz e flor
Que reside 
A fonte Do amor...
por Mirian Marclay Fraga



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