Foto reprodução da assessoria |
O documentário foi o vencedor da categoria Melhor Curta-metragem Internacional de Língua Portuguesa
O documentário que conta a história da criação da guitarra de cocho em Cuiabá ganhou o prêmio Antonio Campos, em Portugal. O filme havia sido exibido no cinANTROP - Festival Internacional de Cinema Etnográfico e documental de Portugal, nas cidades de Leiria e Lisboa e venceu na categoria Melhor Curta-Metragem Internacional de Língua Portuguesa.
Segundo o diretor do filme, o jornalista Dewis Caldas, é sempre uma grande oportunidade apresentar a cultura mato-grossense para os que não conhecem.
"Este prêmio é de toda a rica cultura de Mato Grosso. Mais do que a histórica invenção que é a guitarra-de-cocho, o grande segredo deste filme é a paisagem cuiabana, cheia de sotaques de São Gonçalo Beira Rio, das cores do Rio Cuiabá e do aspecto urbano cuiabano", disse.
Guitarra-de-cocho é tema de documentário
O que aconteceria se colocassem eletricidade na viola-de-cocho? Este é o tom do documentário “O Nascimento da Guitarra-de-Cocho”, que registra o surgimento - em pleno 2014 - do instrumento que juntou um dos maiores símbolos do Centro-Oeste brasileiro, a viola-de-cocho, com o rock and roll.
O imaginário popular em torno da viola-de-cocho deu uma sacudida com a criação da guitarra-de-cocho, que já nasceu com grande impacto na imprensa mato-grossenses e na internet. E esta reinvenção do tradicional musical ribeirinho agora chega as telas de cinema como documentário a ser lançado esta semana em Cuiabá.
"A ideia de fazer o filme partiu do tamanho da importância da invenção. A viola-de-cocho é um dos símbolos da tradição mato-grossense e a experiência da guitarra-de-cocho abre um verdadeiro leque de pesquisa à músicos de todo o mundo e sua evolução deve ser continuada pelas gerações seguintes", diz o diretor do filme, o jornalista Dewis Caldas.
Produzido pela Maranhas Filmes, o filme média-metragem será lançado dia 18 de abril durante o Festival Cerrado Music, no Sesi Park.
Sentado numa canoa no meio do Rio Cuiabá tocando a guitarra-de-cocho, assim começa o filme apresentando o criador do novo instrumento, o guitarrista Caio Espíndola Schlösser, da dupla Billy Brown e o Incrível Magro de Bigodes, que fala sobre sua relação com a música folclórica cuiabana.
"Desde pequeno meu pai me levava para pescar no Rio Cuiabá e a sonoridade da viola-de-cocho me atraía muito. E quando cresci e me tornei guitarrista, quis buscar o elemento rústico do instrumento e ampliar a sua sonoridade juntando com a influência rock and roll que sempre tive".
Da beira do rio vai até o centro da cidade na oficina de luthieria do TOMA Espaço Musical para mostrar o processo da criação da guitarra.
"O primeiro passo foi trazer a coração da guitara elétrica, que é o captador, para a viola-de-cocho, então fui adicionando cordas de aço, um cordal pequeno usado em cavaquinho, um rastilho de osso que é mais resistente, um potenciômetro, também tarrachas de aço porque as tarrachas de madeira afrouxam as cordas e não seguram a afinação, isso tudo mudou completamente o timbre e a forma tradicional de tocar".
Após as explicações técnicas, é apresentado uma série de imagens da guitarra-de-cocho em ação, primeiro na imprensa, com trechos de reportagens que foram veiculadas, e imagens de shows da banda Bily Brown e o incrível magro de bigodes, na última cena do show em Rondonópolis Caio quebra a guitarra-de-cocho no palco, a seguir cenas da criação da nova guitarra, a segunda edição melhorada.
O documentário, que tem 25 minutos de duração, termina com um singelo e poderoso encontro entre o novo e o tradicional: Caio vai até a comunidade São Gonçalo Beira Rio encontrar o seo Bagé, que tem 84 anos e desde muito pequeno toca viola-de-cocho, eles dois tocam juntos numa improvisação inédita entre a guitarra-de-cocho e sua mãe, a viola-de-cocho. O filme termina juntando o antigo com o novo, respeitando a tradição e olhando para frente.
Historicamente a viola-de-cocho sempre esteve muito ligada a mùsica folclórica, e embora tenha sido inserida em outros segmentos musicais, como rap, na música de concerto e no samba, a sua sonoridade ainda tem um sabor do riberinho, um timbre que caracteriza a musica tradicional cuiabana.
E este quesito timbrístico é intimamente ligado ao fator rítmico do instrumento, o próprio rasqueado tem um conceito mais ritmo do que harmônico, isso se dá pela limitação harmônica que a viola-de-cocho tem, afinal só tem três trastes e tarrachas de madeiras, impedindo variações mais amplas na afinação. E a criação da gruitarra-de-cocho foi nesse sentido, as modificações possibilitaram esta apliação harmônica, tanto em estética quanto no timbre, como na forma rítmica de tocar.
Ainda de acordo com o diretor do filme, "acredito que futuramente esta invenção será continuada. A pesquisa do timbre e das possibilidades deste novo instrumento ainda é inicial, chegaremos num tempo em que se descobrirão outras coisas bem maiores do que vimos até agora. E o Caio, que tenho segurança em dizer que pertence ao grupo de importantes guitarristas do Estado, se lançou na experimentação timbrística que vai muito além do rock, mas já está na música eletrônica e as possibilidades são muitas", finaliza.
Viola-de-cocho historicamente
* Foi em 1883 o primeiro registro etnográfico que menciona a viola-de-cocho, publicado pelo etnólogo alemão Karl Von den Steinen (1855-1929).
* No início do sec XX pesquisadores como Max Schmidt, Mário de Andrade e Rossini Tavares de Lima lançaram importantes trabalhos sobre o instrumento.
* Sem sombra de dúvida, o livro "Cocho Mato-grossense - um Alaúde Brasileiro, da pesquisadora Julieta Andrade, lançado em 1981, abriu portas para muitos estudiosos se interessarem pelo instrumento.
* Outros músicos, construtores e pesquisadores como Habel Dy Anjos, Roberto Corrêa, Braz da Viola, Alcides Ribeiro, Daniel de Paula e seo Caetano manteram firme o legado para as seguintes gerações.
* Em dezembro de 2004, a Viola-de-Cocho foi reconhecida como patrimônio imaterial nacional.
* Em 2005 a viola-de-cocho é destaque como instrumento principal na Orquestra do Estado de Mato Grosso, sob a regência de Leandro Carvalho, ampliando assim sua percepção sonora na música de concerto
Da Assessoria
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