sexta-feira, 4 de março de 2016

FORMIDÁVEL JOÃO SEBASTIÃO por Mirian Marclay Melo

João Sebastião - foto Rosylene Pinto

FORMIDÁVEL JOÃO SEBASTIÃO

O céu lilás está em festa, uma festa de um sorriso doce de fera, de olhos feitos de estrelas, cristalizados no semblante de um menino que brincava com cores. Nós, aqui, ainda sem chão, juntando nossos fragmentos pela partida de um irmão que compreendia a inquietude poética da vida, que de forma leve, serena, encantava e aglutinava pelo seu espírito acolhedor e de compartilhamento, pelo seu desprendimento a qualquer egocentrismo, tudo em prol da arte e do elemento humano. A partida do menino onça, mestre místico de telas com as quais tivemos a honra de conviver, nos traz a reflexão de que o próprio conceito de tempo para nós se faz fugaz.
João Sebastião era um artista com reconhecimento, consolidado e festejado que se relacionava com os amigos e demais artistas, assim como com jovens talentos, de forma harmônica e respeitosa.
Na medida em que nos será eterno o seu terno modo de agir, seu contagiante modo de ensinar nos deixou um legado de generosidade, cultura, urbanidade e sensibilidade. Portava-se de forma nobre, gentil, elegante, transformando a si mesmo e aqueles que o acompanhavam nesta jornada do sentir. Suas pautas, seus posicionamentos impulsionavam o aprimoramento do elemento artístico.  Sabia ouvir e pedir sem macular ou diminuir seu semelhante. Agia de modo a nos fazer sentir parte de um todo importante, essencial, sem se pautar em coisas menores. Considerava de forma digna o próximo, dedicava seu nobre tempo em auxiliar o aprimoramento do indivíduo que procurasse o seu auxílio. Transbordava uma doçura típica de almas evoluídas, desapegadas das coisas meramente materiais.
João Sebastião é e sempre será formidável. Transitará por eras e mais eras em nossos seres, como se a sua partida não tivesse ocorrido, e, certamente, a brevidade da vida não conseguirá fazer com que nos esqueçamos da maestria de seus contornos, enquanto ele caminha em vales coloridos, acompanhado de  sua onça, apreciando a beleza que ultrapassa os limites do espaço tempo.
Ensinava e aprendia na mesma medida, e talvez, por isso mesmo, por estar aberto ao todo cativava com singularidade. No pouco tempo em que tive o privilégio de conviver com ele eu o chamava de mestre, visto que professava luz e matizes translúcidos em sua lucidez idílica.
Por: Miriam Marclay Melo

Missa de sétimo dia do Artista Plástico João sebastião Francisco Da Costa - Sábado às 19h00 na paróquia Nossa Senhora Da Guia

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