domingo, 11 de março de 2012

De Olho a Olho - Coluna re-Ver por Isolda Risso

imagem: google

De olho a olho!

Há momentos, que tenho a nítida sensação de que a terra saiu do lugar e minha vida virou de cabeça para baixo. Não sei se virou de forma natural, ou se foi eu quem deu um empurrãzinho. Seja lá como for, são momentos difíceis, a insegurança e o medo se avizinham da minha alma entre outros temores. De vez em quando acontecem umas coisas na vida da gente que nos tira do prumo sabe como?
Em decorrência disso o sorriso some, a vitalidade cai por terra o humor desaparece e a paciência bate em retirada. A tensão me abraça, e dependendo da ocasião involuntariamente eu perco a fome ou me acabo na geladeira. Até gosto quando é a vez da fome fugir, me sinto mais leve em todos os sentidos, a dificuldade até se abranda, uns gramas a menos são sempre muito bem vindos, porque quando é a vez do ataque a geladeira, além do enrosco em si, surge a culpa por comer e comer, e o ponteiro da balança subir e subir, e as roupas apertarem, apertarem. Dependendo dos hormônios, do ciclo da lua, também de forma automática posso ter dois comportamentos distintos: primeira possibilidade: recolho-me, calo-me, tornando-me monossilábica (o mudismo seria ideal, mas para isso eu teria que ir para um mosteiro) vontade não me falta, ou procuro alguém para falar, ser ouvida, simplesmente ouvida, absolutamente nada além.
Quando consigo colocar para fora minhas preocupações ou dores seja lá que apuro for, normalmente encontro as respostas no próprio ato de falar (com você não deve ser diferente) porque as respostas para as nossas indagações e as melhores soluções não estão em outro lugar que não dentro de nós. Por razões diversas que vai da cultura, passando pela educação ao imediatismo, que tem ditado as regras de hoje, não aprendemos a buscar em nós o esclarecimento das questões que tanto nos inquietam. Podem ser inquietações de momento, ou aquelas que estamos arrastando desde que nos entendemos por gente. Falar sobre si e ainda falar sobre nossas dores e angústias é um ato difícil, dificílimo. Para alguns é tão, mais tão difícil que a pessoa paralisa. É uma catástrofe ter que falar sobre si mesmo. Afinal quem é ele? A que veio?
Comigo acontece assim: a princípio detecto que tem algo me incomodando, logo a seguir elejo algum acontecido ou a falta dele para justificar o meu desconforto, emburramento, seja o que for. Motivos aparentes para justificar contrariedades, tristezas ou mau humor tem aos montes. Porém é mais comum do que pensamos, que o fato ou a falta dele que elegemos como infortúnio esta longe de ser o real. Situações que nos tiram do sério ou nos provoquem sérias dificuldades, há e como há! Todavia não na quantidade que enaltecemos. Normalmente não sabemos lidar com questões que fazem parte da vida para quem esta vivo. A nós, em muitas situações cabe apenas aceitar e cá entre nós, aceitação não é algo fácil de aceitar.
Que falar ajuda, ajuda! Já sabemos disso, mas a prudência é muito bem vinda ao escolher o ouvido para receber nossas cantigas, porque, se falar é bom, saber ouvir é uma Arte. Não sei se acontece o mesmo com você, mas quando consigo abrir as portas da minha alma à procura de ajuda, fico enlouquecida quando o eleito para ouvir minhas lamúrias me interrompe a todo instante, fazendo perguntas, ou fica inquieto, olhando para os lados, para o relógio (alguns discretos, outros nem tanto) isso desperta em mim além de raiva um sentimento de desvalia.
Poxa vida, o corpo fala e a mensagem que este comportamento transmite nessa hora é: você não é importante para mim. Além de ser deseducado, dói na gente. Ou seja, elegi o candidato errado, bem feito quem mandou não ter tido feeling para escolher? O jeito agora é dar um jeito de interromper a cantiga e o mais rápido possível. Outras vezes eu nem conclui o pensamento e o ouvinte começa a proferir o que supostamente eu iria falar, palpitando, apontando soluções, futricando, tirando conclusões que estão a léguas de distância do que eu iria abordar ou do que estou sentindo.
Falar é bom e ouvir atenta, silenciosamente, olhando nos olhos, além de respeito para quem confiou em nós para dividir suas emoções é uma arte que todos podemos desenvolver.
É uma boa ferramenta para aprendermos a nos tonar melhores.

Um abraço!
Isolda





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