segunda-feira, 25 de junho de 2012

Teatro Renascentista - A humanização da arte por Luiz Carlos Ribeiro


Lady Macbeth 

Renascimento foi um movimento que marcou a Europa no de 1330 a 1530 e teve como berço a Itália. Consistiu na retomada da cultura clássica, ou seja, a cultura greco-romana. Entre suas principais características está a ruptura com os valores medievais e a busca pelo novo. Nasceu na Itália, onde o desenvolvimento do comércio acabou financiando artistas e cientistas, que também tinham a proteção da igreja e dos homens de posse.
O movimento atingiu todos os campos intelectuais existentes na época – a filosofia, a ciência, a literatura, a pintura, a escultura e, claro, o teatro. Diferentemente do que acontecia no mundo medieval, os artistas que aderiram ao Renascimento possuíam extrema preocupação com o corpo humano, buscavam a beleza ideal, a perfeição da forma, simetria. O homem renascentista acredita que tudo se explica pela razão e pela ciência.
Nesta época a arte passou a ser mais racional. O ser humano, e não Deus, como acontecia no teocentrismo da Idade Média, passa a ocupar o centro do universo, ocorre a glorificação do homem, chamado antropocentrismo. Na pintura e na escultura as figuras deixam de "temer à Deus" e passam a olhar para frente, não mais para o céu, os artistas e a burguesia deixam de ser subordinados à igreja. Este foi o período em que ocorreu maior e mais intenso progresso na arte e na ciência ocidental.
O Renascimento choca-se com os dogmas e proibições da Igreja Católica a partir do momento em que passa a criticar o mundo medieval e enfrenta a Inquisição.
Entre os principais artistas da Renascença Italiana estão Giotto, Botticelli, Donatello, Leonardo da Vinci, Michelângelo e Rafael. Na Alemanha destaca-se Hans Holbein, na Espanha El Greco e nos Países Baixos Van Eyck, Rembrandt e Peter Brueghel.
O teatro renascentista vai do século XV ao XVI e, em alguns países sobrevive até o século XVII. Com o início do movimento o teatro passa a misturar tradições medievais com temas da tragédia grega e da comédia romana. É um teatro erudito, acadêmico, com linguagem pomposa e temática pouco – ou nada – original, onde o ser humano é o centro das preocupaçãoes. O palco é improvisado e o cenário simples. Com o passar do tempo, mais precisamente no século XVII, a linguagem acaba se tornando solene e os temas passam a ser os mitos e lendas do mundo antigo. 

Com o Renascimento, na Itália, surge a commedia dell´arte, gênero teatral onde os atores improvisam os textos e especializam-se em personagens fixos, entre eles a Colombina, o Polichinelo, o Arlequim, o capitão Matamoros e o Pantalone. As encenações baseiam-se na criação coletiva e os cenários são simples, geralmente um telão pintado com a perspectiva de uma rua. A novidade são as mulheres que passam a representar personagens femininos e os atores que são todos profissionais. As peças são baseadas na improvisação e no uso de máscaras. É um gênero rigorosamente antinaturalista e antiemocionalista.
Os atores deveriam ter uma intensa preparação técnica vocal, corporal e musical. Geralmente representavam o mesmo personagem por toda a vida, criando assim uma codificação precisa do tipo representado. Mesmo tendo como base o improviso, os atores representavam seguindo a estrutura de um roteiro que orientava a sequência das ações. Estes roteiros não variavam muito em termos de trama e relação entre personagens.
A primeira companhia de commedia del´arte que surge é a I Gelosi – Os Ciumentos – dos irmãos Andreini, fundada em 1545, em Pádua, com oito atores, que dura até 1546. Esta foi a primeira vez que uma companhia teatral era caracterizada por construir um grupo de atores que viviam exclusivamente de sua arte.
Como autor deste período destaca-se Maquiavel, com a peça Mandrágora – uma das melhores comédias italianas. O autor e ator Angelo Beoloco (1502 – 1542), mais conhecido como Ruzante, personagem que representava e que se caracteriza por ser um campônes guloso, grosseiro, preguiçoso e gozador. Suas comédias são documentos literários considerados os precurssores das máscaras do gênero.
Na Inglaterra, o teatro elizabetano tem seu auge de 1562 a 1642. As peças caracterizam-se pela mistura do sério e do cômico, pelo abandono das unidades aristotélicas clássicas, pela variedade na escolha dos temas – tirados da mitologia, da literatura medieval e renascentista e da história – e por uma linguagem que mistura o verso mais refinado à prosa mais descontraída.
O espaço cênico elizabetano, de forma redonda ou poligonal, possui palco em até três níveis, assim várias cenas podem ser representadas ao mesmo tempo. As galerias para os espectadores mais ricos circundam o edifício em nível mais elevado, os mais humildes ficam em pé, quase que se misturando aos atores no nível inferior do palco. Uma cortina ao fundo modifica o ambiente.

 Christopher Marlowe  
Além dele, tem-se nomes como Christopher Marlowe ( Doutor Fausto ), Ben Jonson ( Volpone ) e Thomas Kyd ( Tragédia espanhola ). 


 William Shakespeare  

Entre os maiores nomes está William Shakespeare (1564-1616), escritor das tragédias ( Romeu e Julieta , Macbeth , Ha mlet, Rei Lear , Otelo ), comédias ( A tempestade , A megera domada , Sonhos de uma noite de verão ) ou dramas históricos ( Henrique V), tornando-se o maior dramaturgo de todos os tempos. 

 Miguel de Cervantes  
Quanto aos autores destacam-se Fernando Rojas (Celestina), Miguel de Cervantes ( Numância ), Felix Lope de Vega ( O melhor juiz, o rei ), Pedro Calderón de la Barca ( A vida é sonho ) e Tirso de Molina ( O burlador de Sevilha ). 

Pedro Calderón de la Barca  

Na Espanha, acontece o auge do teatro. As peças são de ritmo rápido, cheias de ações que se entrecuzam. Desprezam-se as regras eruditas, voltando-se para as formas originárias das apresentações populares. Os temas são mitológicos, misturados a elementos   locais e impregnados de sentimento religioso. O espaço cênico é chamado de corrales, já que o palco fica no centro de um pátio coberto, em diversos níveis e sem cenários.

Por: Luiz Carlos Ribeiro

Referências
CHACRA, Sandra. A natureza e o sentido da improvisação teatral. São Paulo: Perspectiva, 1991.
IMPROVÁVEL – um espetáculo provavelmente bom. Disponível em: 
<http://www.improvavel.com.br/>. Acesso em: 21 abr. 2010.
PAVIS, Patrice. Dicionário de teatro. São Paulo: Perspectiva, 1999.
RAUEN, Fábio José. Inferências em resumo com consulta ao texto de base: estudo de caso
com base na Teoria da Relevância. Linguagem em (Dis)curso, Tubarão, v. 5, n. esp., p. 33-57,
2005.
SPERBER, Dan; WILSON, Deirdre. Relevance: communication and cognition. 2nd ed.
Oxford: Blackwell, 1995 (1st edition, 1986).
SPOLIN, Viola. Improvisação para o teatro. 4. ed. São Paulo: Perspectiva, 1998 (© 1963).
(Coleção Estudos. Série Teatro, 62).
YOUTUBE. “Os Barbixas - Improvável - Cenas Improváveis 2 (com Marcio Ballas e Allan
Benatti)”. Disponível em: <http://www.youtube.com/watch?v=0liVa_49oa0>. Acesso em: 21
abr. 2010.

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