domingo, 26 de agosto de 2012

A difícil arte da convivência por Sofia Haddad

imagem: google

Só depois que ele - amor - chega é que reconhecemos a sutil diferença ao que sentíamos e damos o nome de amor, e ao que é amor realmente. Para nomear um sentimento com esse nome, ele deve ser muito nobre, o que em nada combina com ciúmes, agressões, insegurança, infidelidade, controle, manipulação, brigas constantes, entre outros.

Não, o amor não traz nada disso, ele traz exatamente o contrário: paz, segurança, tranquilidade, harmonia, crescimento mútuo, confiança, cumplicidade. Enfim, aquilo que sempre desejamos ter, mas enquanto não for amor de verdade, dificilmente conseguiremos conquistar, por mais que o desejemos.
Mas, por qual motivo é tão difícil encontrar o amor verdadeiro? Atire a primeira pedra quem já não amou errado. Largou a pedra, né? Pois é, todos nós já o fizemos. Todos nós já amamos bem errado. Amar errado não é exceção, é a regra. Só assim a gente aprende. E sofre. E cresce. Aquela menina linda que você amava tanto e com quem queria passar o resto da vida, aquela mulher cheia de vida e planos que você achava que iria te fazer um homem melhor, e até mesmo a paixão adolescente que fez você passar sua primeira noite em claro. Amores errados. Todos eles. Se você olhar bem, vai entender por que.
É difícil entender as regras do amor. Só com uma coleção de cicatrizes e um punhado de mágoas e amores mal resolvidos que entendemos algumas verdades. Aquela coisa de que os opostos se atraem é uma enorme besteira, por exemplo. Opostos se distraem e os dispostos se atraem, isso sim. Não se ama duas vezes a mesma mulher. Não se entregue demais a quem acredita ou adora coisas muito diferentes de você. Dê mais valor a quem te faça rir, essas coisas. Moças fingem que amam. Mulheres fingem orgasmos. Importante mesmo é saber reconhecer essas criaturas. E fugir das duas.
Amar em si não é o problema, é coisa que dá e passa. É coisa saudável, que às vezes nos destrói pra começar do zero, mas faz parte. O problema é amar errado. É olhar pra trás e reconhecer que vocês nunca olharam na mesma direção.
E amar errado dói. Dói depois. Dói perceber que você investiu em uma relação fadada ao fracasso.
Nos enterramos nos nossos próprios erros e com eles vem um coração machucado, todo remendado, cheio de curativos, quase parando de bater. A respiração fica fraca. Perdemos a esperança. Centro de Terapia Intensiva (CTI) emocional. Mas esquecemos que amor anda junto com paciência. Este é o antibiótico: Paciência!
Saber esperar que as coisas aconteçam. Entender que ninguém diz “eu te amo” sem realmente amar. Temos que parar e olhar onde erramos pra poder corrigir. Porque, se não, vamos continuar nessa batalha, com o coração levando tiros de todos os lados, cheio de mágoa, tristeza e com a curva de óbito acima dos 90%. Tudo por causa da danada da frustração!

Então, meu camarada, se você desconfiar que não está amando certo, saia fora. Pratique a quase impossível arte de acabar bem, de acabar na hora certa.
É um favor que você estará fazendo para sua vida inteira – e não só um gesto louvável de cavalheirismo.
Porque talvez ainda dê tempo de se salvar. Talvez ainda dê tempo de conseguir não trair a você mesmo. Pode ser que seja o último lampejo de lucidez antes que seja tarde demais pra alimentar algum tipo de ressentimento, seu ou dela. Se faça esse favor. Não fuzile a esperança ou semeie fantasmas. Deixe espaço para o que vem depois.
Até porque, quando a gente reencontra a esperança, aquela guardada numa gaveta que tínhamos perdido junto com um relacionamento que se foi, entendemos que ela ainda é um dos grandes combustíveis do amor, nos transforma novamente numa folha em branco.
Por isso a nossa teimosia, pela chance de um novo começo. Uma folha em branco pode ser qualquer coisa. Até mesmo feliz. E numa hora dessas não é que o medo de amar errado suma. Ele, frustrações, sucessos e amores que quase deram certo sempre vão existir. Mas desta vez vai. Desta vez, vai.
Por isso, um bom indicador da veracidade de nosso amor por alguém é o quanto ele nos transforma, o quanto cedemos, vencendo o nosso egoísmo e narcisismo e evoluindo para vivê-lo intensamente.

Bom domingo a todos!!

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