imagem: google |
Quero saudar todos os artistas, desde aquele
humilde artesão que, com o seu canivete, esculpe na madeira as imagens
mais toscas, até o escultor culto e acadêmico, de cujo cinzel
erudito saem as obras que as gerações admiram.
Quero saudar o pintor emérito que
a todos encanta com as suas telas de magistral beleza e o singelo pintor
de paredes que também é um artista, e do qual muito se exige
em dedicação e esmero.
Quero saudar os autores de obras musicais
de rara beleza, que escrevem melodias imortais no pentagrama onde as notas
bailam suavemente, levando-os à consagração mundial...
e quero saudar também os compositores de páginas musicais
populares, das toadas aos fandangos, dos baiões aos cateretês,
das modas de viola aos sambas que mexem com a gente.
Quero saudar os atores teatrais que, na
ribalta iluminada, provocam emoções e arrancam aplausos, levando
o público às lágrimas e às gargalhadas, fazendo
do palco a sua vida e a sua realização artística.
A todos os que cantam, os que bailam, os que escrevem, os que interpretam,
os que dirigem os espetáculos, os que fazem os cenários, os
trajes adequados, a iluminação que tantos efeitos produz,
a todos eu abraço com respeito e admiração.
Quero saudar, com muito afeto, os escritores
e os poetas, talento explodindo em forma de prosa e verso.
Quero abraçar, com muito carinho,
os artistas circenses. Esses abnegados que, sob a lona cara e resistente
dos grandes circos ou sob a remendada e frágil cobertura dos circos
mais pobres, extravasam a sua arte popular, muitas vezes em troca apenas
do aplauso de uma platéia sempre exigente, essa platéia que
facilmente desce da ovação que consagra à vaia que
constrange e aniquila.
E no DIA DOS ARTISTAS eu quero abraçar,
com muito afeto, o brasileiro comum, artista de todas as horas que se equilibra
na corda bamba das dificuldades, plantando bananeiras e fazendo cambalhotas,
rindo e chorando, sempre exposto ao perigo nesse trapézio da vida
em que nem mesmo aplausos conquista. Todo brasileiro é um artista,
um malabarista, um equilibrista que consegue superar obstáculos e
vencer dificuldades, um perito na arte de sobreviver.
Sim, também saúdo o artista
operário, o artista lavrador, o artista bancário, funcionário
público, comerciário, industriário, e por aí
afora. Porque todos só conseguem continuar vivos com muito engenho
e arte, resistindo à camisa-de-força de um orçamento
familiar difícil de administrar.
Vamos festejar, todos juntos sim, o Dia
dos Artistas.
(Do livro "Nosso Encontro", coletânea
de crônicas radiofônicas de Ubiratan Lustosa).
Nenhum comentário:
Postar um comentário
Obrigada pela visita, seu comentário e muito importante para o Fuzuê das Artes