quarta-feira, 17 de abril de 2013

Último ato de um bailarino por Airton Reis



Último ato de um bailarino
     Pedro Paulo Gois Medina, além de um palco teatral. Artista, diretor, amigo e produtor cultural. Vítima de mais um crime de cunho sexual. Facadas de um canivete em ato brutal. Ausência além desta capital maculada em sangue derramado pelo instinto brutal.

       Vai amigo, vai! Retorne a morada Daquele que nos concede a vida e nos move em direção à arte universal. Atravesse os umbrais que nos prendem a uma visão destorcida da eternidade sideral. Encontre a luz da fraternidade diante dos anjos que acolhem nesse seu embarque repentino. Continue sorrindo com os mesmos olhos de um menino que seus pais embalaram e educaram para o bem da pátria, da família e da humanidade.

       Seus algozes não ficarão impunes! Lumes haveremos de conduzir pela urgente reforma do código penal brasileiro. Torne-se obreiro da luz. Aviste os caminhos que lhe conduzirão aos braços do Nosso Senhor Bom Jesus. Confirme a sua fé na Palavra de uma mesma Escritura Sagrada. Adorne-se da esperança de uma Terra prometida aos mansos e pacíficos de alma e coração. Continue testemunha da virtude em mais de uma ocasião em que as palmas descortinaram mais de um espetáculo neste e em outros estados federados de uma nação refém da violência urbana desmedida.

       Os poucos anos de sua missão terrena, que hora se encerram num dramático espetáculo sem público pagante, doravante são mais do que um compromisso pelo fim da impunidade daqueles que atuam pela barbaridade em todos os quadrantes do planeta em convulsão acelerada. Saiba que a sua jornada dedicada à expressão teatral não se findou em um ato da mais violenta e vil atrocidade.

       Perdoe-nos pelas lágrimas irmanadas numa mesma saudade. Perdoe-nos pelas mãos unidas em aplausos que não pudemos manifestar em seu funeral testificado pela mesma fé. Com você, o sagrado manto da Nossa Senhora Imaculada de Nazaré. Com você o cajado do Nosso Senhor Bom José.

       Aqui nesta página de opinião, nos despedimos em nome de todos os seus amigos e amigas que conosco cultivarão a sua memória no lado esquerdo do coração. Até que um dia nos reencontremos, além, muito além deste mundo aonde ainda impera a injustiça, a dor e a imperfeição. Deus contigo, Emanuel! “Bem aventurados os mansos e os pacíficos porque serão chamados e reconhecidos como filhos de Deus”. Assim seja!
Airton Reis  (poeta em Cuiabá-MT)

2 comentários:

  1. Muita linda esta homenagem ao meu e de tantos outros Mestre.
    Paulo Medina me fez crer que eu era capaz, que poderia sim transformar meu corpo para oferecer a arte o meu melhor. Sempre me ofereceu seu abraço sincero, apertado, cheio de amor e, mesmo quando nervoso, às vésperas de espetáculos, eu podia ver e sentir sua fé em cada um de nós.
    Paulo sempre respeitou e amou as pessoas pelo que elas eram e criam e não pelo que elas tinham, sempre exaltou aquilo que éramos e ainda não víamos, sempre nos fez prosseguir.
    Penoso foi vê-lo naquele caixão lacrado, na verdade penoso foi não vê-lo, não senti-lo com toda a sua força e energia, não ouvi-lo às gargalhadas com nossas atrapalhadas.
    Meu Mestre se foi, como muitos heróis meus, mas sei que apesar de ter tido uma passagem árdua, agora descansa nos braços de Deus ou deuses em quem tanto cria.
    E sei que vivo está no coração de cada um de nós e assim permanecerá eternamente, até que voltemos a nos encontrar.

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