quarta-feira, 29 de maio de 2013

Resenhas do Palco Giratório 2013 "AS AVENTURAS DE UMA VIÚVA ALUCINADA" por Juliana Capilé e Tatiana Horevicht

Mamulengo de Sergipe 
         O grupo Mamulengo de Cheiroso, de Aracaju (SE) apresentou-se na sexta feira (24/05) nos jardins do SESC Arsenal, representando a cultura popular nordestina no Festival Palco Giratório 2013 em Cuiabá. O texto As Aventuras de uma Viúva Alucinada tem a assinatura do renomado mestre mamulengueiro Januário Oliveira, o Janú e traz a marca do teatro popular de bonecos do nordeste: o improviso. O eixo principal da história conta o desespero de uma viúva à caça de um marido para ajudá-la a criar os três filhos; no afã de encontrar um “homem”, ela se envolve até com o Diabo, que a leva para o inferno. Quem salva a viúva e a história é o compadre Cheiroso que acaba ficando como herói e pretendente. O jogo cênico inclui brincadeira com a plateia, com os funcionários do SESC, inserções sobre a cidade e muita música. A manipulação é bem simples, com pouco apuro técnico e sem grandes momentos. Os bonecos também são confeccionados de forma bem simples. O teatro popular de bonecos é basicamente uma brincadeira; sua marca é a animação. Tradicionalmente a brincadeira de mamulengo é um pouco mais “pesada” do que o que vimos no jardim do SESC; as brincadeiras eram ainda de cunho sexuais, mas nem tanto. Só ficou no jogo de um agarrar o outro, da viúva querer um homem senão é capaz de agarrar o padre, um chamando o outro de feio e a dancinha do “lek lek lek”. A música, executada ao vivo foi empolgante; posicionados atrás do pano, os músicos marcaram presença com sanfona, azabumba e triangulo, pontuando a história. As pesquisas com a cultura popular, muito presente no teatro contemporâneo, são bastante interessantes quando se busca trabalhar as questões locais, ampliando esse entendimento para questões universais. No caso do espetáculo de Sergipe, a maior contribuição foi o registro de uma cultura, rica e divertida, mas nada mais do que isso.
Juliana Capilé e Tatiana Horevicht
CIA PESSOAL DE TEATRO

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Um comentário:

  1. Obrigada pelas considerações, pra gente é de extrema importância compartilhar e ouvir críticas, no entanto gostaríamos acrescentar algumas informações.
    Vamos lá.
    Dentro do teatro de bonecos, existe a escola dos movimentos, entre elas o próprio teatro de mamulengo, que vem dos antigos presépios, do cassimicoco que faz referências ao teatro chapado de sombra, os movimentos de mané gostoso, das feiras e o movimento do povo de forma geral.
    Tudo isso são referências em que nos baseamos para desenvolver o processo de interpretação, que aparentemente, pode resultar em algo aleatório, sendo que por trás existe toda uma pesquisa. O processo de manufatura é iniciando pela pesquisa nos traços de acordo com a personalidade, definição da técnica do movimento, cria-se a planta baixa do boneco, faz a modelagem no barro, passa no gesso, em seguida vai para a resina, até chegar a matriz, onde é finalizado o processo e caracterização que leva em torno de três meses para ser concluído.
    Ressaltando, que todo esse processo é construído por nós, atores.
    Brincar é a nossa função, que aparentemente parece ser uma coisa simples, nas danças e folguedos, brincar é uma palavra de ordem, está dentro da lúdica popular. Pesquisadores como Silvo Romero, Lídia Ortelho, Aglaé Fontes, fazem um importante estudo a respeito do brincar, porém não é só de brincadeira que se vive o teatro. Dentro da dramaturgia do teatro de bonecos, principalmente como o de Jinú, esses pontos como movimentos de juntar um boneco ao outro, as cambalhotas, a música, as brincadeiras com o público, são ações para chamar a atenção do povo, o que é bem típicos dessa função, além da história contada. O mamulengo é um teatro de experimento diante de um texto estruturado.
    Como somos um grupo q tem como base a arte popular, dependendo do público, temos que moderar tanto nas picardias como nas pancadarias, o para gente é um grande desafio.
    Há trinta e cinco anos, o mamulengo de cheiroso, faz um estudo incansável na musicalidade brasileira, nas pesquisa de textos e costumes, contos e brincadeiras populares, dos personagens da feira e principalmente buscando referências nos grandes mestres como o saudoso Boca Rica (CE), as famílias do folguedo do São Gonçalo do Amarante (SE), mestre Euclides (SE), Zé de Gina (PE), Chico Daniel (RN), Nilson Moura (PE) e os mestres Contemporâneo como Álvaro Apocalipse (Grupo Giramundo), Fernando Augusto (Só-riso), do qual o mamulengo fez escola. Em fim, isso é um pouco do que somos e tentamos colaborar para o teatro de bonecos.
    Agradecemos mais uma vez pela contribuição, caso haja dúvidas ou queria conhecer mais sobre o nosso trabalho entre em contato através do e-mail: mamulengocheiroso@ig.com.br
    Att.
    Grupo Mamulengo de Cheiroso.

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