domingo, 1 de junho de 2014

Certos Abraços por Edilberto Magalhães

imagem: google
Certos Abraços

Foi o poeta Mário Quintana que disse: “O tempo não para! Só a saudade é que faz as coisas pararem no tempo...”
Reencontrei, há algumas semanas, um amor antigo. Desses que nos marcam e por mais que a vida nos leve por caminhos desconhecidos e (des) planejados, a lembrança permanece. Dizem por aí que esse é o tal do amor eterno. Eu tenho as minhas dúvidas, sabe, mas a sensação do reencontro foi espetacular e curiosa.  
Vimo-nos em um nenhum lugar. Por acaso ou destino. A vi de longe. Aqueles lindos cabelos cacheados eram os mesmos. Continuavam belos. Lembrei-me dos nossos momentos em que eu acariciava aqueles cachinhos de anjo. Fiquei com receio de conversar com ela, depois de tantos anos sem nos vermos. Será que ela ainda se lembra de mim? Será que está casada? Tem filhos? Está sofrendo por um amor? Conquistou o emprego dos sonhos? Será, será, será... um tsunami de perguntas surgiu na minha cabeça, mas nenhuma resposta. Não poderia tê-las. Afinal, eu havia perdido o contato com ela.
Fiquei por alguns minutos apenas observando de longe. Seus trejeitos eram os mesmos. A forma de andar, olhar, tocar, mexer no cabelo... era o meu amor (im) perfeito congelado no tempo do homem.
Lutei contra os meus pensamentos desconexos e, após uma rápida meditação, reencontrei o meu equilíbrio emocional. Pronto! Eu estava pronto para falar com ela.
Fui me aproximando aos poucos, sem que ela me percebesse e, tal qual um macho alfa, fui me posicionando no ponto exato para que, despercebida, nossos olhares se encontrassem. E assim aconteceu. Ao nos olharmos congelamos o olhar por alguns segundos. Toda a nossa história passou pela minha cabeça naqueles poucos segundos. Não sei o que ela pensou, mas deve ter sido algo similar.
Tomei a iniciativa de me aproximar dela. Quando nossos corpos estavam bem próximos percebi que ela ia falar alguma coisa. Não deixei! Coloquei o dedo na sua boca, como quem não quer que palavras surjam. Em seguida nos abraçamos em silêncio. Ficamos conectados por alguns minutos, sentindo nossos corações batendo, novamente, próximos um do outro. Senti uma energia diferente. O amor continuava. Não havia morrido.

Após o abraço olhamos dentro da alma um do outro. Senti vontade de beijá-la. Também senti esse desejo por parte dela que, como uma mulher romântica que é, aguardava a minha iniciativa. Resisti, não a beijei. Preferi ficar apenas com a sensação subjetiva do nosso encontro. Continuei o meu caminho e ela o dela. Sem uma palavra dita pela boca, mas com um livro escrito através de um abraço. 

Edilberto Magalhães – edilbertomagalhaes@gmail.com 

Nenhum comentário:

Postar um comentário

Obrigada pela visita, seu comentário e muito importante para o Fuzuê das Artes