segunda-feira, 7 de setembro de 2015

"Maria Taquara" - Uma natureza obsequiosa por João Sebastião Costa

"Maria Taquara" - Uma natureza obsequiosa.
Maria é uma persona sexual cuiabana, por excelência. Abriu caminhos, na formação de um tabuleiro social, por sua audácia. Uma a mais, a compor o nosso riquíssimo "rincão". Segundo as "boca-miúdas", Maria gostava do "babado", era transgressora. Maria era negra e assumida. Usurpava o poder social, ao usar calça masculina. Soube servir aos soldados de sua época. Não vejo nisso uma prostituição. Eram trocas, finesas, pois a sua natureza era obsequiosa. Até demais.
Há quem diga que ela não existiu. Pouco importa. Entretanto não morrerá jamais.
Maria, como mérito, por sua co-existência na memória do povo cuiabano, ganhou de um escultor, Haroldo Tenuta, uma estátua modelada em bronze, ou aço, não sei ao certo. Esse tipo de matéria, é a mais difícil para ser modelada, porque deixa a figura endurecida, retesada. Mesmo assim, com o passar do tempo, adquiriu beleza própria. Suplantou o gosto estético, explícito na obra.
Maria gostava de pinga. Frequentava bares, na década de 1940.
Ganha uma Praça com o seu nome. Essa praça é considerada "bafon", pela boemia cuiabana, pois depois da meia noite, a "cobra pia". E como pia.
Ganhou status de mito muito importante, apesar de ser mulher e negra. Hoje, quem "quara" ao sol quente de Cuiabá, é a Maria. Continua carente de afeto, de compreensão, de cuidados sociais e culturais sérios.
Canharam o pedestal à Maria Taquara. Pelo seu porte físico, enquanto mulher alta, deveria ser bem mais elevado, tanto quanto o tamanho de sua estátua. São as linhas de correspondências em desencontros.
Hoje, sua base, tem servido de encosto à lixarada acumulada.
Esse pedestal miúdo, que aí está, não condiz com a grandeza dessa persona ou mito cuiabano. Hoje, ela é parte da cultura Mato Grossense e Brasileira. Já está referenciada no "google".
Venho, agora, encarecidamente prestar este obséquio para cogitar o respeito e a consideração, a quem possa mudar essa situação, para melhorar a sua imagem de mito cuiabano.

João Sebastião Costa

Um comentário:

  1. Uma mulher que desafiou os preconceitos de seu tempo, bem que merecia o tratamento que o João sugere. Parabéns!

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