imagem: Prestes Brasil |
Dia 19 se comemora o Dia do Índio. Mas
onde está a comemoração? Os jornais tem notícias “mais importantes” pra
divulgar, como quem venceu o Big Brother ou quem ficou com quem na novela, o
Google Brasil nem sequer fez um Doodle dedicado à data. Nas buscas sobre
notícias ninguém toca no assunto e quando se pesquisa sobre este dia o que se
lê é como os índios fecharam estradas protestando e reivindicando seus
direitos. Baderna, confusão, prisão... esta é a comemoração?
Hoje em dia o ensino deixa a desejar em
relação à cultura do nosso país. O folclore perdeu o sentido, o dia da
Independência virou feriado pra viajar e não pra glorificar a pátria e raras
pessoas sabem o que significa o dia 15 de novembro, a não ser quando cai num
dia de votação, aí sim, dizem: “já sei, dia 15 de novembro é dia de votar”.
Aham, sei... E tem aqueles que se dizem “brasileiros com orgulho”, mas só em
dia de jogo da Copa do Mundo.
Pergunte a qualquer criança se na sua escola ela se fantasiou de índio e fez
bonecos de palha e casinhas de esteira e madeira, e ainda, se fez algum cartaz
dizendo o que significa o Dia do Índio, assim como eu fazia quando estava na
escola. Perguntou? Ah, você também não sabia desta data? As crianças muito
menos.
Mas afinal de contas o que significa o Dia do Índio?
A data comemorativa foi criada pelo
presidente Getúlio Vargas em 1943. Mas por quê?
Acontece que em 1940 fizeram o Primeiro
Congresso Indigenista Interamericano, no México. Muitos índios ficaram com medo
de reivindicar seus direitos, porque até então, não passavam de “selvagens” aos
olhos do homem branco.
Pois bem, conseguiram criar um
Instituto indigenista no México, mas o Brasil ficou de fora, aderindo somente
alguns anos depois, criando a data comemorativa pra lembrar os nativos do nosso
país (ou pra fazer média com os opositores).
A verdade é que existe uma vergonha em relação ao tratamento dado a esses povos
nativos. Antes da chegada dos europeus aqui, existiam mais de 100 milhões de
índios, hoje em dia, são míseros 400 mil espalhados pelo país. E o que é pior,
continuam sobrevivendo porque o governo os colocou em reservas, o que pra mim,
se iguala a um zoológico.
Existem outros tipos de exploração
também, inclusive de pessoas famosas que se aproveitam de determinadas
situações para fazer fama. Vez ou outra aparece alguém pra fazer uma música ou
um comercial falando dos índios e depois some. Lembra da música que o cantor
Sting fez com o Cacique Raoni? Vendeu bem né... mas, cadê ele? Dizem que vai
voltar pra continuar a luta pelos direitos dos índios, será?
Tem mais: Alguém se lembra do Cacique Mário Juruna? Pois é, na década de 70 ele
ficou conhecido por percorrer pelos gabinetes da Funai, em Brasília. Ele
registrava tudo o que as pessoas falavam num gravador que ele sempre carregava.
Sempre reivindicou os direitos dos indígenas e, depois de muita luta, conseguiu
chamar a atenção, se tornando o primeiro deputado federal de origem indígena no
Brasil. Falava abertamente, doendo em quem doesse, denunciava corruptos
apontando o dedo na cara e apoiava a democracia. Apesar de tudo, não conseguiu
se reeleger. Morreu pobre e abandonado.
Agora vai ter gente perguntando: “ Ué, ele morreu???” ou então: “Nunca ouvi
falar.”
Enquanto isso, a população indígena vai só diminuindo, até virar somente
história, que provavelmente, ninguém vai querer ler.
Cultura meu povo, não morde, pode chegar mais perto!
Texto: Viviane Lopes
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