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A
AMADA DE UM DEUS
Serena era ela, em
intenção de ser. Plantava a semente dos desejos
Em cordões de pérola,
cravejado de brilhantes. Mas colhia tempestades.
Era a inconstância do destempero, e por vezes
feria-se, no brilho cego,
Nas
vicissitudes auto-impostas, perdia-se em labirintos de lobos, em
Figuras
lendárias que a mente pintava das leituras pretéritas.
Nos
percalços intentos de refazer a vida, trocava os pés pelas mãos.
Alienava-se
sozinha qual fosse um ser mítico, um personagem de si
Tentando
ser seu projeto de realização levava a si mesma à ruína.
Os
seus destroços eram suas dores, os clamores, as contradições.
Quando
o vento não soprava, ocorria Aumento de temperatura e opressão.
Subiu
a um céu cinza, onde o frio estarreceu as coisas escondidas,
Lúgubre
era ela paradoxalmente à sua própria luz.
E
os deuses ouviram suas preces, retiraram sua pele ferida pelas mãos
Dos
insensíveis homens e cobriram-na de armadura celestial, adornaram-na de plumas
e flores, de clareza da alma.
Duas
deusas compuseram-lhe o novo espírito, Afrodite e Hecáte, enternecidas,
Vontades,
derramou-se em poesia de vida, e de seus vôos surgiram voluptuosas
Delícias...
Era
a própria condensação de doces, ao ponto de balas caramelizadas.
Serenada,
serenante, exalava jasmim, flor de azhar, sândalo e âmbar branco.
Obliterados
pelo brilho e sabor daquela semi-divindade em forma de (anjo/rosa) de vermelhos
cabelos esvoaçantes.
Transpondo
suas derrotas e dando-se contorno estelar,
Despindo-se
de si em entrega ao louvor do espaço sideral
Sorria
a boca de beijos novos, do perfume lunar, do calor do sol.
A
morte ou a simples vida já não lhe pertenciam, foi por gratidão visitar o
Olimpo, e, finalmente serena era ela,
Aurora
e êxtase dos viajantes, tomou o deus Apolo por
Seu
amante...Possuindo-o sem fim...Dentro do eterno de si...
Por: Mirian
Marclay Melo
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